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Escritores de MS e a relação entre a Literatura e a Natureza – Por Alex Fraga

Espaço Fala Natureza, quinta-feira (6) – Mesa de discussão com: André Luiz Alvez; James Jorge Barbosa Flores; Lucilene Machado UBE/MS (União Brasileira de Escritores MS); Raquel Anderson

Por Alex Fraga

Esses encontros de escritores de Mato Grosso do Sul é daqueles que vale a pena sentar e ouvir suas histórias de vida com as palavras e seus conceitos literários. A Feira Literária de Bonito mais uma vez prova que realmente quem faz esse evento é o escritor regional. No Espaço “Lounge Fala Natureza”, ontem (6), por volta das 17 horas, André Luiz Alvez, James Jorge Barbosa Flores, Lucilene Machado e Raquel Anderson explanaram seus pensamentos nessa relação com a palavra-livro. A fala de seus encantamentos individuais – sem quaquer preocupação com algum “despejo”, mostrou que apesar de trabalhos diferenciados, quando o tema é natureza, o encontro é singular.

A primeira fala – a escritora Lucilene Machado transportou os ouvintes atentos esse desejo antigo que o país tinha (e ainda tem) de exaltar através da literatura, a natureza. Citação do trabalho de Gonçalves Dias por exemplo, com a “Canção do Exílio”, de José de Alencar (Iracema), mostra claramente esse desejo de “vender” a natureza para fora do país. Passeou pelas escolas literárias lembrando até mesmo de Lima Barreto com o tão falado ” Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Por sua vez, o escritor James Flores foi mais direto com relação a tema e disse que foi “abduzido” pela natureza. Assim comenta e com propriedade que sempre chamou-lhe a atenção essa relação com a palavra do Estado “Mato Grosso” – se referindo ao Mato Grosso do Sul. Mas lembrou do romancista, contista, considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX, Guimarães Rosa, além de Jorge Amado que sempre tiveram em seus livros, o lado da natureza peculiar. O interessante é que James colocou um fato pensado por poucos: que sua própria literatura sobre a natureza mergulhava no passado, já que o cotidiano atual é diferente. “Antigamente os escritores falavam da natureza porque estavam presentes em suas vidas. As espécies vegetais e animais estavam ali. Hoje muita coisa mudou”.

A escritora e poeta de Aquidauana (MS), Raquel Anderson por sua vez é enfática em dizer que essa relação sua entre literatura e natureza vem de sua memória afetiva. “Existe aquele respeito do silêncio sagrado da natureza”. Sua infância foi justamente construída ao meio de sua cidade natal, onde viveu seus sonhos e encantos com o verde e os animais. Através daí as palavras foram gradativamente construídas em poemas e textos. O escritor André Luiz Alvez veio com a indagação própria: “Por que você escreve? Uma resposta clara: “Porque eu leio”. A sua primeira leitura foi apresentada por uma professora de Campo Grande, no Colégio Oswaldo Cruz, “Os meninos da rua Paulo” e que o prendeu muito. Esse romance juvenil escrito pelo húngaro Ferenc Moinár, o fez sonhar. Aliás, um livro muito interessane onde conta a história dos meninos que travavam batalhas de vida ou morte nas ruas de Budapeste no final do século XIX. Com isso, André relatou também que essa relação com livro-natureza vem desde os pensamentos de escritores que sempre tinham um bicho-animal favorito, como Rubem Braga que adorava as borboletas ou mesmo Manoel de Barros e seus caramujos. “Tive uma experiência ruim com a poesia. Não sou poeta, mas tenho um bicho favorito: a formiga. Nesse tempo todo talvez até tenha me influenciado em escrever meu livro mais conhecido, “Bruxa da Sapolâncida”, já que lembrei também na região onde eu morava onde tinha muitos sapos”.

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