Pular para o conteúdo

Biagio D’Angelo: “Apenas dois verbos no mundo da gramática não permitem o imperativo: amar e ler”

Professor Biagio D’Angelo, da UNB (Universidade de Brasília), afirma que FLIB está pronta e cita Guimarães Rosa ao dizer que Bonito já é “local universal” para as próximas edições. O escritor ministrou oficina de formação – “Ser humano e ser animal. Fábulas, visões e alegorias do saber”. Biagio foi categórico ao explicar que ensinar literatura tem, sobretudo, que chegar ao coração.

7a Feira Literária de Bonito – Como foi a experiência de estar na FLIB, nesta sétima edição?

Biagio D’Angelo – Foi a minha primeira feira literária, primeira vez em Bonito, Mato Grosso do Sul. Amei a FLIB, é uma experiência intensa. Eu acho que a coisa mais bonita que aconteceu nesses dias, não apenas a oficina, acompanhar todos os dias o que estava acontecendo. Impressionante! Crianças, atores, escritores, tudo um fervor de povo aqui presente. O que me impressiona é que a literatura aqui neste momento, não é algo pra intelectuais, pra gente sisuda. É uma forma de poder interagir com uma fábula que está dentro de nós. Isso é uma coisa que me deixa muito feliz e que a FLIB possa continuar, como diz Guimarães Rosa, de uma forma que se torne universal, para que não fique só uma atitude em si mesma. Essa feira foi pensada pra ressaltar a simbologia, as características da região de Mato Grosso do Sul e das fronteiras da Bolívia, do Paraguai. Acho único esse assunto.

7a Feira Literária de Bonito – De uma maneira bem simples, qual a importância da literatura na formação de um cidadão e na construção de um País mais justo e igualitário?

Biagio D’Angelo – Pergunta importante e muito complexa também. Em primeiro lugar, a literatura tem que ser bem apresentada. Se um adolescente é obrigado a ler livros, não vai ser um estudante apaixonado pela leitura, pela literatura. Um escritor francês, que é um grande professor também, Diliceu, de uma periferia de Paris, muito complicada, onde havia adolescentes em idade de violência, dizia num livro dele através de um personagem, que era um professor: apenas dois verbos no mundo da gramática não permitem o imperativo: amar e ler!
Você não pode dizer a uma pessoa: ama! E não pode dizer: leia!

O fato de que a literatura bem apresentada suscite fantasia, perturbações, aí muda tudo ao meu ver. A literatura pode ser uma frase de uma poesia, um quadrinho, tudo isso é texto que fala ao coração e muda.

Jacqueline Lopes DRT-078/MS

Especial para a 7a Feira Literária de Bonito: Literatura e Natureza: uma história para contar

Foto: Elis Regina Nogueira 7a FLIB



ˆ