Pular para o conteúdo

Para plateia lotada, Jeferson Tenório lembrou que a literatura não traz respostas, mas ensina a perguntar

Escritor traçou paralelos entre a educação e a leitura em bate papo interessante

Jeferson Tenório era um dos nomes mais aguardados dos visitantes da oitava edição da Feira Literária de Bonito e lotou o Lounge das Letras na noite de sábado, com um bate papo mediado pela curadora da FLIB Maria Adélia Menegazzo.

Jeferson Tenório ganhou o Prêmio Jabuti em 2021 com o livro “O avesso da pele”. O autor escreve inspirado por suas experiências com abordagens policiais violentas, usando a escrita para enfrentar o racismo no Brasil. Suas obras abordam temas como pobreza, discriminação racial e desigualdade de classes.

Em uma conversa descontraída, Tenório lembra que havia estado em Mato Grosso do Sul uma única vez antes da feira, em um encontro acadêmico, quando ainda era estudante de Letras. Na ocasião, ele apresentou um trabalho sobre Mario Quintana, debutando na vida acadêmica.

Apaixonado pela sala de aula, onde esteve entre 2013 e 2021, durante todo o bate papo ele estabeleceu paralelos entre a educação e a literatura. “Não consigo ver alguém produzir literatura sem ter passado por uma sala de aula. Sempre incentivei meus colegas professores a produzirem seus próprios textos”, contou.

crédito: Elis Regina

Além disso, ele lembrou que o ambiente escolar é o lugar de preparação para a vida e também onde a vida está acontecendo. Ele pontuou também que a escola reflete o que acontece na sociedade e que por isso, é preciso tornar o aluno autônomo, capaz de tomar suas próprias decisões, sendo assim, todos os temas podem e devem ser debaditos em sala de aula. Para Jeferson, a leitura pode ter papel decisivo nisso. “Os pais que estão mais preocupados entendem que a literatura tem que trazer a educação para seus filhos. Eles esperam que a literatura diga o que as crianças têm que fazer, mas a gente não encontra na literatura respostas e sim aprende a perguntar”. 

Quando perguntado sobre a censura que seu livro “O Avesso da Pele” sofreu por parte de diversos governos estaduais, inclusive do Mato Grosso do Sul, Jeferson lembrou que essas limitações já aconteceram inúmeras vezes ao longo do tempo com autores de todas as épocas e pontuou que a literatura não vai se encaixar na leitura moral das pessoas, ela está para além disso. No entanto, ele revelou que se surpreende com o que acontece hoje, inclusive traçando um paralelo com o livro Fahrenheit 451, no qual livros são queimados pelo estado. “Por trás da censura está o medo da imaginação. Uma pessoa que imagina se torna uma pessoa perigosa, esse é o medo, não o medo do livro. Há medo de se estimular a criatividade. A literatura não cria corpos dóceis, cria pessoas que vão atrás dos seus desejos”, destacou.

crédito: Elis Regina

Sobre a Feira

A programação da Feira Literária de Bonito é aberta a todos os públicos e 100% gratuita. Ela é realizada pelo Instituto Ímole, organizada pela Bolt Realizações e com o patrocínio do Governo Federal, Ministério da Cultura, copatrocínio da Caixa Econômica Federal. Além disso, a feira conta com apoio do Governo de Mato Grosso do Sul; Sistema Fecomércio; Sesc MS; deputado federal Vander Loubet por meio de emenda parlamentar; Prefeitura Municipal de Bonito; Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio de Bonito; Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul; Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e Zoom Publicidade.

Para saber mais sobre a FLIB, acesse flibonito.com.

por Evelise Couto, com informações de Daniel Rockenbach – assessoria de imprensa da FLIB