Pular para o conteúdo

Mel Duarte

Mel Duarte é poetiza, escritora e produtora cultural brasileira. Foi a primeira mulher a vencer o campeonato internacional de poesia Rio Poetry Slam (RJ), em 2016, e é uma das organizadoras do Slam das Minas em São Paulo (SP). Sua obra mais conhecida é o livro de poesia Negra Nua Crua (2016), publicado de forma independente. A obra carrega 75 páginas de poesias que retratam, de forma arrebatadora, as vivências, inquietações, dores e experiências da mulher negra contemporânea sob a sua própria ótica: a autora, a partir de si, generaliza a condição do sujeito feminino negro e expõe em versos o que cerca esse ser por vezes estereotipado ao longo da literatura brasileira, mas que vem ganhando voz – e representatividade nas escritas atuais.


O livro é dividido em três partes: na primeira, “Negra”, a autora perpassa pelas questões raciais, sociais e de gênero que cercam a mulher negra do século XXI. Fala de preconceito, solidão e maternidade, Mel Duarte reafirma a negritude numa voz que ecoa e traz para os seus poemas uma visão diferenciada sobre o sujeito de quem se fala. Este, por sua vez, será uma pessoa que enfrenta dramas cotidianos, ama o seu cabelo, as suas raízes negras e a sua luta. No poema “Melanina”, a autora afirma:
Preta:
Mulher bonita é que vai à luta!
Quem tem opinião própria e não se assusta
Quando a milésima pessoa aponta para o seu cabelo e ri dizendo que
“Ele está em pé”
E a ignorância dessa coitada não a permite ver…
Em pé, armado,
[…]
Pra mim é imponência
Porque cabelo de negro não é só resistente
É resistência. (2016, p.11).
Vocalizando a mulher negra, a autora expressa palavras de empoderamento para quem, de forma histórica, teve a sua estética desvalorizada pelos padrões sociais. Desse modo, ressignifica também a visão sobre os cabelos crespos, oriundos da raça negra.