Primeira mulher campeã de slam, poetisa fala de paixões e encantamento
Por Rodrigo Teixeira
Se você consome as “canções ‘climão’” de Mel Duarte nas plataformas digitais, saiba que ao vivo é ainda muito, muito melhor. É o que ficou comprovado no show desta paulistana na noite de sexta (07/07) na Feira Literária de Bonito (FLIB). A presença da artista “in loco”, dominando o palco da Praça da Liberdade com seus gestos lentos, palavras quentes e olhares macios, faz crescer ainda mais a temperatura das suas composições, segundo ela mesma, “músicas para beijar na boca”. O resultado é um espetáculo tranquilo, em que o público vai sendo envolvido aos poucos pelo ritmo seguro e sedutor Mel Duarte.
A cantora vem muito bem acompanhada por dois músicos: Jair Virgílio nos sopros e Felipe Parra na guitarra. As texturas sonoras atingidas pelo trio, com a ajuda em algumas músicas de samplers e programações eletrônicas, chama a atenção e cativa. É bom de ouvir e é bom de ver. Mel Duarte se impõe no palco em uma missão arriscada, que é conquistar, envolver e falar de conquista, romance e relação amorosa sem apelar para figurinos micros e coreografias apelativas. Ela não senta até o chão em nenhum momento no espetáculo. Pelo contrário, sem mantém ereta, cabeça levantada o tempo todo, como toda rainha que uma mulher é. Dá exemplo e conquista. Plateia na mão, ainda orienta os desavisados. Ei solteiros, a hora é agora! Os que estão juntinhos, fiquem mais ainda. Quem não tá a fim de nada, de boa.
Sem dúvida, o ritmo do concerto sarau de Mel Duarte passa longe do frenesi habitual e desacelera o tempo. Em andamento lento, mas cadenciado, a artista vai deixando a sua marca originalíssima dentro do panorama da música brasileira contemporânea e a testemunha do momento é o público da FLIB na Praça da Liberdade. Público feliz e artista segura do que está fazendo: “E aí pessoal, é diferente, mas é bom né?”, questiona, já respondendo. Se o lado musical agrada bastante, o discurso construído pelas letras de Mel Duarte conecta com o mundo atual, em que as relações íntimas entre as pessoas ganharam novas cores e posturas antigas e preconceituosas já não cabem mais no cotidiano da juventude. O show de Mel Duarte ensina, amplia a visão e valoriza a palavra. Sob medida para a FLIB.
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