A energia transbordou no palco da Praça da Liberdade. O show do Vozmecê na Feira do Livro de Bonito (FLIB) contagiou a plateia e a comprovou o talento de dois jovens que despontam como a última grande novidade da música contemporânea de Mato Grosso do Sul: Fattori e Namaria. Acompanhados de Ju Souc, (bateria), Paula Fregatto (guitarra), Silas Zózimo (baixo) e Gustavo Gauto (trompete), os companheiros de música e de vida trouxeram um repertório repleto de canções autorais de muita qualidade musical.
Repleto de lançamentos previstos para 2024, o Vozmecê investe na renovação da linguagem musical criada pelos pioneiros da década de 1970 e tocou pela primeira vez algumas novas canções na FLIB, assim como músicas já lançadas, como “Fêmea” e “Tio Sam”. Entusiastas do gênero da polca-rock e já com uma assinatura própria em sias composições, Fattori e Namaria com apenas 27 anos, estão entre os novos artistas de MS que mais buscam chegar a uma linguagem própria sem deixar de olhar para a tradição e o legado já construído por músicos de gerações passadas.
Confira abaixo o bate-papo com o “vozmecê” Fattori sobre a passagem pela FLIB, a relação com a literatura e o que o grupo irá lançar ainda este ano.
Qual a sua opinião sobre esta aproximação que a FLIB proporciona entre a literatura e música?
Fattori – É muito importante essa multidisciplinariedade e interação entre as artes que a Feira do Livro de Bonito proporciona. Música e literatura sempre caminharam lado a lado, ao passo em que grande parte dos poemas carregam toda uma musicalidade em sua métrica e versos, bem como as canções emprestam o sentido poético em sua lírica. Poder unir isso em uma celebração é relembrar esses aspectos em comum.
Você a Namaria são ligados em literatura? Quais livros que foram marcantes pra vocês?
Fattori – Eu sou mestre em Sociolinguística pela UEMS, então tive muitas matérias e contato com muitas vertentes da literatura no curso de Letras. Já a Namaria cursou Filosofia na UCDB e teve mais contato com a escrita filosófica e ambas se refletem na maneira como compomos nossas canções hoje. Um livro marcante para mim foi “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, e para Namaria o “Gaia Ciência”, do Nietzsche.
Qual o balanço do show que você apresentaram na FLIB?
Fattori – Foi uma delícia. Nos sentimos muito à vontade no palco, tocando várias músicas importantes para nós e conseguindo transpassar isso para quem estava por lá assistindo. Já tocamos há algum tempo com a maior parte da banda e sentimos o som bastante redondo nas músicas autorais antigas, gerando um conforto ali. O público, apesar de não muito numeroso, estava bastante agradável e interativo com nossa arte.
Algumas músicas vocês tocaram pela primeira vez. Qual foi a sensação e porque vocês decidiram incluir estas músicas no repertorio?
Fattori – Tocamos três músicas pela primeira vez e duas delas fazem parte do nosso novo álbum: o samba “A vida é Show” e a polca-rock “Cidarte”. Colocar essas duas músicas no repertório foi como laboratório pra ir sentindo como público recepcionará as novas músicas que já estão sendo produzidas e vão ser lançadas em breve. A sensação é de que estamos caminhando para um show 100% autoral que virá ainda esse ano! A terceira música que tocamos pela primeira vez foi “Na Catarata”, do LP Tetê e o Lírio Selvagem, uma enorme referência que tem morado nos nossos ouvidos e corações nos últimos tempos.
Quais as novidades do Vozmecê para este ano de 2024?
Fattori – Esse ano está sendo de muita produção pro Vozmecê. Temos uma lista de coisas que ainda vão rolar por esse ano. Por exemplo, o nosso primeiro álbum. Vai se chamar “Tropicapolca” e virá acompanhado de 13 vídeos, formando assim um álbum audiovisual. Também virá nosso documentário de produção do álbum, além dos clipes para as músicas “Cidarte” e “Tio Sam”. Vai ter ainda os shows de lançamento do álbum, no Som da Concha e está previsto também na Feira de Música de Campo Grande.
Rodrigo Teixeira
crédito: Elis Regina