Diversidade de narrativas transforma o Pavilhão das Letras em espaço de partilha

Encontros da FLIB mostraram como diferentes autores e autoras encontram na literatura caminhos de expressão e pertencimento

Conversas com escritores reúnem diferentes vozes na tarde de sábado. (foto: Elis Regina)

O Pavilhão das Letras foi palco de momentos que reafirmaram a pluralidade da literatura durante o Circuito Literário da Feira Literária de Bonito (FLIB), no sábado (20).

No Dedo de Prosa – “Conto Contemporâneo de/em Mato Grosso do Sul”, os escritores Henrique Pimenta, Rogério da Silva Pereira e Eusvaldo Rocha Neto discutiram a relevância do gênero como espaço de experimentação e reflexão sobre identidades, mostrando como a concisão narrativa pode revelar intensidades e mundos complexos.

A roda de conversa “Mulherio das Letras em primeira pessoa”, com mediação de Adrianna Albert, reuniu Ayo Rosas, Eva Vilma, Márcia Longo Dutra, Rayanne Jarcem e Sarah Muricy em um diálogo sobre autoficção. As autoras compartilharam que a escrita as salvou em muitos momentos, funcionando como espaço de respiro e autoconhecimento, capaz de revelar seus processos e dar forma às vivências que atravessam suas histórias pessoais e coletivas. A conversa também reforçou o papel do Mulherio das Letras, movimento nacional criado em 2017 que conecta escritoras, pesquisadoras, editoras, ilustradoras e leitoras em uma ampla rede de apoio e visibilidade.

Em “Enegrecendo a História: Literatura negra, desafios e avanços a partir de referências literárias”, mediado por Romilda Pizani, a potência das referências se fez presente. Paty Wolff falou da centralidade de Carolina Maria de Jesus em sua trajetória; Maria Carol destacou suas escrevivências, lembrando que a literatura lhe deu o abraço que faltou em outros espaços; Sarah Muricy homenageou a avó como inspiração e evocou o provérbio iorubá “Quando um ancião se vai, uma biblioteca morre”; Rafael Belo relembrou sua relação com a música, com o samba e com a inquietação diante de Monteiro Lobato; e Rossini Benício Rodrigues, professor e escritor, emocionou ao relatar sua história de resistência e defender a educação como caminho de libertação, lembrando ainda que, se vivesse hoje, Lima Barreto seria um rapper.

O Dedo de Prosa “Mulheres” também trouxe vozes múltiplas: Lucilene Machado, Anarandá, Andressa Arce, Diana Pilatti e Luciana Roberto Kinikinau partilharam vivências que vão da poesia ao romance, passando pela força dos registros de memória e da identidade indígena. Foram falas que revelaram como a escrita se transforma em ponte entre histórias individuais e coletivas, reafirmando a literatura como território de resistência e pertencimento.

Esses encontros, distintos em temas mas unidos na potência, mostraram como a palavra continua sendo lugar de partilha, de memória e de futuro. No Pavilhão das Letras, a FLIB reafirmou-se como espaço de diálogo vivo e necessário.

Sobre a FLIB

A Feira Literária de Bonito está em sua nona edição, acontece entre os dias 17 e 21 de setembro, na Praça da Liberdade, que será palco da programação oficial do evento, reunindo escritores, editoras, estudantes e leitores em uma grande celebração da literatura em suas diversas formas.

O evento é uma realização do Instituto Ìmòlé com apoio da Prefeitura Municipal de Bonito, do deputado federal Vander Loubet, do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, além de instituições culturais e empresas parceiras como Sanesul, Energisa, Banco do Brasil e Empresa Gestora de Ativos – Emgea. O projeto foi contemplado pelo Plano Nacional Aldir Blanc – PNAB, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Desde a publicação do decreto lei estadual nº 6457 de 11 de agosto de 2025, o evento integra o Calendário Oficial de Eventos do Estado de Mato Grosso do Sul.

A programação completa está disponível em https://flibonito.com/programacao-2025/ 

texto: Ecoai Comunicação