FLIB se consolida como farol de debates ao unir gestores, artistas e sociedade em conversa sobre políticas públicas

Participação ativa do público reforçou que a feira é mais que celebração literária: é espaço de encontro, escuta e construção coletiva

Debate em torno de políticas públicas aponta questões importantes na tarde de sábado. (foto: Elis Regina)

A nona edição da Feira Literária de Bonito (FLIB) promoveu um dos debates mais intensos e significativos de sua programação com a roda de conversa “Políticas Públicas: o papel dos parlamentares na realização dos eventos culturais e Identitarismo e a produção cultural”, que reuniu o ator e diretor Antônio Pitanga; o idealizador da feira Carlos Porto, o chefe de gabinete do deputado federal Vander Loubet, Ido Michels; a vereadora Ramona de Lima Aquino (PSB); o secretário executivo de Direitos Humanos da SEAD, Ben-Hur Ferreira, e o diretor do Departamento de Cultura e Juventude de Bonito, Lelo Marchi. A atividade rendeu ótimos debates e também contou com a participação ativa do público, que interagiu com perguntas e comentários, reforçando o caráter plural e dialógico que a FLIB tem se empenhado em construir ao longo de sua história.

Representando o deputado Vander Loubet, Ido Michels destacou que a FLIB é um ponto de encontro em que as pessoas se permitem dialogar e que essa troca é, em si, cultura. Ele afirmou que Bonito pode ser reconhecida no futuro não apenas como destino turístico, mas também como um lugar onde as pessoas se reúnem para ouvir umas às outras e se energizar com essa convivência. Para ele, eventos como a FLIB são transformadores porque criam esse ambiente de encontro e de escuta, essenciais para a construção de uma sociedade mais aberta e plural.

Lelo Marchi, diretor do Departamento de Cultura e Juventude da Prefeitura de Bonito, ressaltou que a diferença deve ser celebrada e não combatida. Defendeu que os recursos públicos destinados à cultura precisam chegar até os trabalhadores que fazem a engrenagem cultural funcionar no dia a dia. Para ele, a tradição deve ser compreendida como raiz, mas também como asa, permitindo que a comunidade valorize suas festas e costumes sem deixar de se abrir a novas expressões culturais. Lelo acrescentou ainda que os gestores precisam ter consciência de que são passageiros em seus cargos e, por isso, devem pensar no legado que deixarão para as próximas gerações.

Antônio Pitanga emocionou o público ao afirmar que todos os corpos humanos são esculpidos na banheira da cultura, para o bem e para o mal. O ator ressaltou que não carrega ódio, mas sim compreensão e parceria, e lembrou que a cultura precisa ser um projeto de Estado, não apenas de governo. Para ele, a FLIB é um farol de debates e encontros que transformou Mato Grosso do Sul, um estado que, segundo suas palavras, há duas décadas era um deserto cultural. “Da discussão nasce a luz. E aqui, a FLIB é o centro da discussão”, afirmou.

Na mesma linha, Ben-Hur Ferreira defendeu que as identidades culturais sejam compreendidas como espaços de troca e não como posições fixas. Ele alertou que não basta compor mesas diversas se não houver disposição para dialogar, e que a cultura precisa ensinar as novas gerações a comungarem identidades. “O diálogo em primeiro lugar sempre. É impossível ser humano sem o outro”, destacou.

Carlos Porto, idealizador da feira, fez questão de esclarecer que investir em cultura não significa retirar verbas de áreas essenciais como saúde ou saneamento, já que cada setor possui orçamento próprio. Ele lembrou que a realização de um evento como a FLIB exige processos longos, complexos, porém muito transparentes, e que o que move os organizadores é a crença no valor da cultura e o amor pelo que fazem. “A FLIB só existe porque acreditamos e porque temos amor, porque há pessoas que pensam como nós”, afirmou, citando a curadora Maria Adélia Menegazzo como uma dessas parceiras fundamentais.

A vereadora Ramona reforçou a relevância da FLIB para Bonito, classificando-a como o evento mais importante da cidade, não apenas por seu valor cultural, mas também por integrar educação e gerar renda. Ela se disse especialmente emocionada com a participação dos estudantes no concurso de redação, que publica as melhores produções em livro. “É precioso ver o orgulho das crianças ao saberem que suas redações foram publicadas. Isso as torna parte dessa engrenagem da cultura”, afirmou. Ramona lembrou ainda que a feira já está assegurada por lei no calendário oficial do município e que também valoriza os artesãos locais ao abrir espaço para a divulgação de seus trabalhos.

Ao final, ficou evidente que a roda de conversa reforçou o entendimento coletivo de que a cultura só se fortalece quando há espaço para a escuta, para a troca e para o diálogo entre parlamentares, artistas, gestores e sociedade. O público, que participou ativamente, saiu com a sensação de que a FLIB não é apenas um festival literário, mas um farol que ilumina caminhos para a construção de políticas culturais mais sólidas e inclusivas.

Sobre a FLIB

A Feira Literária de Bonito está em sua nona edição, acontece entre os dias 17 e 21 de setembro, na Praça da Liberdade, que será palco da programação oficial do evento, reunindo escritores, editoras, estudantes e leitores em uma grande celebração da literatura em suas diversas formas.

O evento é uma realização do Instituto Ìmòlé com apoio da Prefeitura Municipal de Bonito, do deputado federal Vander Loubet, do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, além de instituições culturais e empresas parceiras como Sanesul, Energisa, Banco do Brasil e Empresa Gestora de Ativos – Emgea. O projeto foi contemplado pelo Plano Nacional Aldir Blanc – PNAB, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Desde a publicação do decreto lei estadual nº 6457 de 11 de agosto de 2025, o evento integra o Calendário Oficial de Eventos do Estado de Mato Grosso do Sul.

A programação completa está disponível em https://flibonito.com/programacao-2025/ 

texto: Ecoai Comunicação