“Celebrar é preciso”: FLIB reverencia Flora Egídio Thomé e Carolina Maria de Jesus

Homenagem convidou público a pensar a escrita como espaço de esperança, memória e transformação

Eliane da Silva e Melly Sena conduzem a homenagem. (foto: Luana Chadid)

O Pavilhão das Letras recebeu, nesta quinta-feira (18), um dos encontros mais emocionantes da 9ª Feira Literária de Bonito (FLIB). O evento “Flora e Carolina – Celebrar é preciso!”, conduzido pela doutora Melly Senna, gestora da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, e pela professora doutora Eliane da Silva, da Universidade Federal da Grande Dourados (FAIND/UFGD), reuniu o público para celebrar o legado de duas mulheres que marcaram a literatura brasileira: Flora Thomé e Carolina Maria de Jesus.

Melly iniciou a conversa destacando a relevância de Flora Thomé, poetisa de Três Lagoas que construiu sua obra a partir de memórias pessoais e coletivas. Especialista em haicais e em literatura memorialista, Flora foi também professora por 42 anos e responsável por mapear escritores sul-mato-grossenses em uma antologia pioneira. “Flora era uma grande difusora da literatura e compreendia que resgatar a memória não era saudosismo, mas sim uma forma de perpetuar o legado da escrita em Mato Grosso do Sul”, pontuou Melly. Em sua fala, ela lembrou a origem libanesa da escritora, a forte influência da mãe, Hassibi, e a presença da escola como tema constante na produção de Flora. “É preciso falar dela para que as próximas gerações a conheçam”, reforçou.

Na sequência, a professora Eliane Silva conduziu a reflexão sobre Carolina Maria de Jesus, considerada uma das mais importantes vozes da literatura brasileira do século XX. Doutora em Estudos Literários, Eliane relatou que só conheceu a obra da autora tardiamente, durante sua trajetória acadêmica, o que a fez questionar o apagamento histórico sofrido pela escritora negra. “Carolina esperançava a literatura. Ela narrava a própria vida, transformando a dureza da favela em potência literária e social. Ler sua obra é olhar para nossos mais velhos e mais novos, reconhecendo o valor da memória e das lutas cotidianas”, destacou.

A homenagem ressaltou ainda as múltiplas facetas de Carolina como poeta, cantora, cronista do cotidiano, e o quanto sua escrita se mantém atual ao refletir sobre desigualdades sociais, racismo e resistência.

O encontro terminou com perguntas do público e uma troca calorosa de reflexões sobre a importância de manter vivas as memórias de Flora e Carolina. A conversa reafirmou o compromisso da FLIB em valorizar a literatura como espaço de preservação da memória e de transformação social.

Sobre a FLIB

A 9ª Feira Literária de Bonito acontece entre os dias 17 e 21 de setembro, na Praça da Liberdade, palco da programação oficial do evento que reúne escritores, editoras, estudantes e leitores em uma grande celebração da literatura em suas diversas formas.

O evento é uma realização do Instituto Ìmòlé com apoio da Prefeitura Municipal de Bonito, do deputado federal Vander Loubet, do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, além de instituições culturais e empresas parceiras como Sanesul, Energisa, Banco do Brasil e Empresa Gestora de Ativos – Emgea. O projeto foi contemplado pelo Plano Nacional Aldir Blanc – PNAB, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Desde a publicação do decreto lei estadual nº 6457 de 11 de agosto de 2025, o evento integra o Calendário Oficial de Eventos do Estado de Mato Grosso do Sul.

A programação completa está disponível em https://flibonito.com/programacao-2025/