Por Rodrigo Teixeira
A performance do Slam Plural na Feira Literária de Bonito (FLIB) foi um grito de alerta. Com uma apresentação de aproximadamente 15 minutos, o grupo de Campo Grande cativou o público presente na Praça da Liberdade na noite de sexta (07/07) em Bonito. Uma das integrantes e idealizadoras do projeto, Luanna Peralta, contou sobre a experiência do Slam Plural na FLIB e explicou as metas e objetivos do grupo. Confira a abaixo a entrevista.
A apresentação do Slam Plural na FLIB foi idealizada para a feira especialmente?
Luanna Peralta – Sim, nós criamos especialmente para a FLIB. Esta foi a nossa segunda apresentação, a primeira foi no Campão Cultural. A gente já faz normalmente no Laricas em Campo Grande com um público que nos acompanha. Fazer para pessoas que a gente não conhece é bem mais difícil.
Quantas pessoas estão oficialmente na turma do Slam Plural?
Luanna Peralta – Nós somos em sete mulheres e um homem trans. O nosso Slam era para mulheres e para a comunidade LGBTQIA+. Temos pessoas bi e um integrante trans. Envolver esta comunidade não existia ainda em Mato Grosso do Sul. É uma inovação dentro dos slams, que é algo tem muito pouco em nosso Estado. O Slam é uma batalha de poesia e nós agregamos essa questão da intervenção. Na verdade, o Mato Grosso do Sul tem muito poucos slams. Fiz uma pesquisa sobre os 50 anos de hip hop e não tem Slam no Estado.
Vocês expõem na apresentação reflexões sobre sentimentos e posturas. Fazer o público se deparar com os próprios dramas é um objetivo do grupo?
Luanna Peralta – Olha, nesta intervenção na FLIB nós levantamos a questão da carga carregada pelo ser humano, principalmente, nas mulheres, pessoas negras e LGBTs. Essa cobrança, por exemplo, no meu caso como mulher, de que a culpa sempre é minha, sobre a roupa que você veste pelo fato de ser mulher, ser mãe e ter muitos pesos, muitas cargas e ter que dar conta de tudo isso. Então nós precisamos não se sentir culpada quando a gente não dá conta. E para isso é preciso ter uma rede de apoio e é isso que tentamos mostrar. Com uma rede de apoio esta carga não fica tão pesada.
Você já está há quase dez anos participando da cena cultural de Campo Grande como produtora e agente de transformação. Como você analisa a Capital atualmente em termos de abertura de pensamento?
Luanna Peralta – Eu estou neste circuito desde 2014, quando eu e minha irmã Marina Peralta começamos a fazer a Ziriguidum. Dá nossa geração nós fomos as primeiras a fazer um sarau. Para mim, desde aquela época, já ouve uma mudança significativa a medida que a gente vê mais festivais, mais editais, somos mais valorizados, as portas se abrem para certas iniciativas e dão oportunidades para pessoas novas. Nós, por exemplo, não somos conhecidos e mesmo assim fomos convidados para estar na FLIB. É muito massa porque é diferente quando se concorre em edital. Um convite é um reconhecimento mesmo e sinto que estamos abrindo um pouco o leque da parte cultural e espero que melhore muito mais. Acho que estamos caminhando para o rumo certo, só podia ser um pouquinho mais rápido.
Fotos: Maurício Costa Jr. / 7a FLIB
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