O mercado editorial já apresenta algumas tendências para 2023. Saiba mais sobre o que esperar do setor neste ano!
Todos os anos, chegam às livrarias brasileiras mais de 11 mil novos títulos, sem contar as reedições. São livros para todos os públicos, todas as idades, todos os tipos de interesse, de escritores brasileiros e estrangeiros, que tentam conquistar seus leitores.
Olhando para 2022 para tentar imaginar como será a movimentação nas livrarias em 2023, algumas coisas são certas. A americana Colleen Hoover, autora de É Assim Que Acaba e de muitos outros livros que pegaram carona com o maior best-seller do ano, deve continuar na lista de mais vendidos. E o boca a boca acerca de Tudo é Rio, romance da publicitária mineira Carla Madeira que vem conquistando um grande número de leitores nos últimos dois anos, deve ajudar no desempenho de A Natureza da Mordida – um livro que, como Tudo é Rio, havia sido publicado por uma editora pequena e que nesses últimos dias do ano passa a integrar o catálogo da Record, ampliando, assim, sua divulgação e distribuição.
Há muitas novidades entre as apostas das editoras – escritores ou escritoras que estão despontando; nomes já conhecidos que lançam um livro aguardado – ou já premiado; autores que ainda não tinham sido publicados no Brasil, mas que têm algo a dizer; um fenômeno literário e editorial recente, que se arrisca com um novo livro.
Em 2023, por exemplo, é esperado o novo romance de Itamar Vieira Jr., autor de Torto Arado, que foi o maior best-seller literário brasileiro dos últimos anos. Sairá pela Todavia, que também prepara o lançamento de outro romance de José Falero, autor do festejado Os Supridores.
Midria
Depois da Flip, Midria vendeu os direitos de um livro para a editora Record Foto: Walter Craveiro
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Midria, cientista social, poeta e slammer de 23 anos, foi uma das sensações da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2022. Ela emocionou o público ao ler A Menina Que Nasceu Sem Cor, um de seus poemas mais conhecidos e que dá título a um livro publicado pela Jandaíra. Em 2023, Midria deve alcançar ainda mais leitores com a ajuda do Grupo Record – enquanto inicia o mestrado na USP e sua pesquisa acerca de poetas negras surdas dos slams. A Rosa dos Tempos, um dos selos do grupo editorial, adquiriu os direitos de Desamada, sobre a solidão das mulheres negras, que ela também leu na Flip.
Rafael Gallo
Rafael Gallo venceu o Prêmio Saramago em 2022 com livro que será publicado no primeiro semestre Foto: Acervo p
Rafael Gallo ganhou o Prêmio Sesc de Literatura em 2011 com o livro de contos Réveillon e Outros Dias, sua estreia literária. Depois, em 2016, venceu o Prêmio São Paulo com Rebentar, sua estreia no romance – que conta a história de uma mãe que decide encerrar as buscas por seu filho desaparecido desde a infância. Agora, ele se prepara para lançar seu segundo romance – Dor Fantasma, o mais recente vencedor do Prêmio Saramago. O livro, previsto para março, pela Globo, também se volta às relações familiares. O protagonista é um pianista – um dos maiores intérpretes de Liszt. Desde criança, ele vive para o piano e, buscando a perfeição, ele não aceita nada que não seja perfeito – como o filho. E então ocorre um acidente, e o protagonista entra em uma espiral de desumanização e derrocada que o levará a situações impensáveis.
Mohamed Mbougar Sarr
O escritor senegalês Mohamed Mbougar Sarr, vencedor do Goncourt 2021 Foto: Bertrand GUAY/AFP
Nova sensação da literatura francófona, o senegalês Mohamed Mbougar Sarr, de 32 anos, foi o primeiro autor da África subsaariana a ganhar o prestigioso Prêmio Goncourt – em 2021, com o romance A Memória Mais Recôndita dos Homens. A obra é sobre um escritor senegalês que descobre, em Paris, um livro mítico publicado 60 anos antes por um autor que havia sido chamado de “Rimbaud negro”. Ele então persegue seus rastros no Senegal, França e até na Argentina neste romance que discute, entre outras coisas, a escolha entre a escrita e a vida. O livro será publicado no Brasil, pela Fósforo, no final do primeiro semestre. Mas tem mais. A Malê, que lançou, em 2022, Homens de Verdade, também dele, sobre a perseguição à comunidade LBGT no Senegal, publica, em março, Terra Silenciada. Ele trata da mesma questão – homossexualidade – e também de extremismo islâmico, coragem e covardia, heroísmo e medo, responsabilidade e verdade.
Príncipe Harry
O príncipe Harry conta sua história em ‘O Que Sobra’, que terá lançamento mundial em janeiro Foto: Hannah McKay/Reuters
O príncipe Harry não precisaria figurar uma lista de artistas para ficar de olho em 2023 porque desde que ele nasceu, há 38 anos, e sobretudo na adolescência e agora desde o casamento com Meghan e o rompimento com a família real, todo mundo já fica de olho em tudo o que ele faz. Mas em janeiro ele ganhará ainda mais destaque com o lançamento internacional de sua biografia. O Que Sobra chega às livrarias brasileiras pela Objetiva, do Grupo Companhia das Letras, e é, segundo a editora, um relato contado com “honestidade crua e inabalável” e cheio de “insight, revelação, autoexame e sabedoria duramente conquistada sobre o eterno poder do amor sobre a dor”.
Lisa Ginzburg
A italiana Lisa Ginzburg lança, no Brasil, França e Alemanha, ‘Cara Paz’ Foto: Barbara Ledda
Escritora italiana com formação em filosofia, Lisa Ginzburg, de 56 anos, não é conhecida do leitor brasileiro, mas sua família é. Filha do historiador Carlo Ginzburg (O Queijo e Os Vermes) e neta de Natalia Ginzburg (1916-1991) – autora de Léxico Familiar e um dos grandes nomes da literatura italiana -, ela terá seu romance Cara Paz publicado no Brasil em 2023 pela Editora Nós (o livro também deve ganhar tradução para o francês e para o alemão em breve). Esta história de família, sobre duas irmãs, vazios, dores e a busca de paz depois de tantos anos de uma ferida aberta, publicada em 2020, rendeu à Lisa uma indicação ao Prêmio Strega.